terça-feira, 11 de agosto de 2015

TERESA DE CALCUTÁ A MADRE


Madre Teresa de Calcutá 
Biografia de Madre Teresa de Calcutá
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Agnes Gonxha Bojaxhiu nasce em Skoplje (Albânia), irmã mais nova de Ágata e de Lázaro, filha de Nicolau e de Rosa. Foi baptizada um dia depois de nascer em 26 de agosto de 1910. A sua família pertencia à minoria albanesa que vivia no sul da antiga Jugoslávia. Pouco se sabe da sua infância, adolescência e juventude porque Madre Teresa tinha horror de falar de si. Nunca morou na Albânia; foi educada numa escola estatal da actual Croácia, durante os tristes anos da Primeira Guerra Mundial. Tinha uma voz muito bonita e logo se converteu na solista do coro da igreja da sua aldeia. E até dirigia o coro, lá pelos anos vinte. Frequentou a escola estatal não católica e ingressou na Congregação Mariana onde foi aperfeiçoando a formação cristã ao mesmo tempo que tomava conhecimento da vida da Igreja e abria o coração às necessidades do mundo. Particular impressão lhe faziam as cartas que os missionários jesuítas da Índia escrevia e que eram comentadas em grupo. A miséria material e espiritual de tanta gente tocava o seu coração. Aos dezoito anos surge-lhe o pensamento da consagração total a Deus na vida religiosa. Obteve o consentimento dos pais, por indicação do sacerdote que a orientava, entrou no dia 29 de Setembro de 1928 para a Casa Mãe das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, em Rathfarnham, perto de Dublin (Irlanda).

O seu sonho era a Índia, o trabalho missionário junto dos pobres. Sabedoras desta aspiração da jovem jugoslava, as superioras decidiram que ela fizesse o noviciado já no campo do apostolado. Por isso, ao fim de poucos meses de estadia na Irlanda, Agnes partiu para Índia em 1931. O ideal que brilhara pela primeira vez na sua vida aos doze anos começava a concretizar-se. Foi enviada para Darjeeling, local onde as Irmãs de Loreto possuíam um colégio. Ali fez o noviciado. No dia 24 de Maio de 1931, faz a profissão religiosa, emitiu os votos temporários de pobreza, castidade e obediência tomando o nome de TERESA. Houve na escolha deste nome uma intenção, como ela própria diz: a de se parecer com TERESA DE JESUS , não com a grande santa espanhola, mas com a humilde carmelita de Lisieux que ensinou aos homens do nosso tempo o caminho da infância espiritual. De Darjeeling passou a Irmã Teresa para Calcutá. Tendo frequentado uma carreira docente, passa a ensinar Geografia no Colégio de Santa Maria, da Congregação de Nossa Senhora do Loreto, em Calcutá. Mais tarde foi nomeada Directora. Irmã Teresa gostava de ensinar. As alunas estimavam-na porque era uma excelente professora, sempre dedicada e atenta a todos os problemas. Havia muito humanismo nas suas palavras e atitudes. Embora cercada de menina filhas das melhores família de Calcutá, impressionava-se com o que via quando saia à rua: os bairros de lata com cheiros nauseabundos, crianças, mulheres e velhos famélicos. Faz a profissão perpétua a 24 de maio de 1937. O dia 10 de setembro de 1946 ficou marcado na história das Missionárias da Caridade e, obviamente, no livro da vida da Madre Teresa como o "dia da inspiração". Numa viagem de trem ao noviciado do Himalaia, recebe uma claríssima iluminação interior: dedicar a sua vida aos mais pobres dos pobres. Relatou-o assim: "Em 1946, ia de Calcutá a Darjeeling, de trem, para fazer o meu retiro. Nunca é fácil dormir nos trens, mas tentar fazê-lo num trem da Índia é impossível: tudo range, há um penetrante odor de sujidade pelo amontoamento de homens e animais, todo um detrito de humanidade, cestos, galinhas cacarejando... Naquele trem, aos meus trinta e seis anos, percebi no meu interior uma chamada para que renunciasse a tudo e seguisse Cristo no subúrbios, a fim de servi-lo entre os mais pobres dos pobres. Compreendi que Deus desejava isso de mim..." Irmã Teresa pensava nos pobres de Calcutá que todas noites morrem pelas ruas e que na manhã seguinte, são lançados para o carro da limpeza como se fossem lixo. Não! Ela não conseguia habituar-se a esse terrível espectáculo de pessoas esqueléticas morrendo de fome ou pedindo esmola pelas ruas. A longa e dolorosa meditação que fizera terminou com uma pergunta muito concreta: que poderei fazer por estes infelizes? Aqui a angústia da sua alma cresceu. Amava a Congregação, gostava de ensinar... quase nada poderia fazer dentro dos regulamentos a que amorosamente se sujeitara e que cumprira com toda a fidelidade.
 
Mas Deus não pediria mais? Não seria talvez necessários ir ter com as superioras e com as autoridades eclesiásticas e expor-lhes frontalmente o problema, pedir-lhes até autorização para fazer a experiência de se colocar totalmente ao serviço dos mais pobres? Foi assim, com todas estas interrogações que a Irmã Teresa viveu o seu retiro daquele ano. Na oração e na meditação daqueles dias, mais se confirmou que a aspiração que lhe brotava do fundo da alma não era um capricho mas manifestação da vontade de Deus. Tendo regressado a Calcutá, foi ter com o arcebispo Mons. Fernando Périer a quem expôs o seu plano. Ele ouviu atentamente e, no fim, calmo, frio, disse um não absoluto que não deixou hipóteses para qualquer dúvida. A Irmã Teresa aceitou humildemente a recusa. Mais tarde comentá-la-á assim: "Não podia ter sido outra a sua resposta. Um bispo não pode autorizar a primeira religiosa que se lhe apresenta com projectos raros sob pretexto de que essa parece ser a vontade de Deus". Voltou às lides diárias que cumpria cada vez com maior dedicação e entusiasmo. O carinho das alunas demonstrado de tantas maneiras e a amizade das companheiras não lhe fizeram esquecer a imagem horrorosa dos doentes e dos famintos que morriam pelas ruas de Calcutá. Mas por vezes, apresentava-se-lhe angustiosa esta pergunta: não será tudo isto uma tentação do demónio? Um ano depois, foi ter novamente com o arcebispo. Levava nos lábios o mesmo pedido e no coração a mesma disposição para aceitar, com humildade e alegria, a resposta qualquer que ela fosse. Mons. Périer escutou, mais uma vez, as razões da Ir. Teresa. A sua simplicidade, fervor e persistência convenceram-no de que estava perante uma manifestação da vontade de Deus. Por isso, desta vez, mais afável, aconselhou: - Peça primeiro autorização à Madre Superiora. A Irmã Teresa escreveu prontamente uma carta expondo o seu plano. A Superiora viu nessas linhas a expressão da vontade de Deus. O que aquela religiosa pedia era algo muito sério e exigente. Por isso, respondeu-lhe nestes termos: "Se essa é a vontade de Deus, autorizo-te de todo o coração. De qualquer maneira, lembra-te sempre da amizade que todas nós te consagramos. Se algum dia, por qualquer razão, quiseres voltar para o meio de nós, fica sabendo que te receberemos com amor de irmãs." Mons. Périer pediu autorização a Roma para Irmã Teresa deixar as Irmãs de Loreto, "para viver só, fora do claustro tendo Deus como único protector e guia, no meio dos mais pobres de Calcutá." A resposta de Pio XII chegou no dia 12 de Abril de 1948. Nela se concedia a desejada autorização sublinhando-se que, embora deixando a congregação de Nossa Senhora de Loreto, a Irmã Teresa continuava religiosa sob a obediência do arcebispo de Calcutá. Só em 08 de Agosto de 1948 ela deixou o colégio de Santa Maria. Custou imenso: a ela, às companheiras, às alunas. Depois dirigiu-se para Patna, para fazer um breve curso de enfermagem que julgava de imensa utilidade para a sua actividade futura.

Em 21 de dezembro obtém a nacionalidade indiana. Data que reunia um grupo de cinco crianças, num bairro imundo, a quem começou a dar escola. Pouco a pouco, o grupo foi aumentando. Dez dias depois eram cerca de cinquenta. Tendo abandonado o hábito da Congregação de Loreto, a Irmã Teresa comprou um sari branco, debruado de azul e colocou-lhe no ombro uma pequena cruz. Será o seu novo hábito, o vestido duma modesta mulher indiana. Com o alfabeto a irmã dava lições de higiene (muitas vezes iniciava a aula lavando a cara aos alunos) e de moral. Depois ia de abrigo em abrigo levando, mais que donativos, palavras amigas e as mãos sempre prestáveis para qualquer trabalho. Não foi preciso muito tempo para que todos a conhecessem. Quando ela passava, crianças famintas e sujas, deficientes, enfermos de todas a espécie gritavam por ela com os olhos inundados de esperança: Madre Teresa! Madre Teresa! Mas o início foi duro. Ela sentiu a angústia terrível da solidão. Um dia, depois de dar voltas e mais voltas, à procurada duma casa, era preciso um teto para acolher os abandonados, pus-me a caminho para achá-lo. Caminhei e caminhei ininterruptamente, até que já não pude mais. Então compreendi até que ponto de esgotamento têm que chegar os verdadeiros pobres, sempre em busca de um pouco de alimento, de remédio, de tudo. A lembrança da tranquilidade material de que gozava no convento de Loreto e por teu amor, desejo permanecer aqui e fazer o que a tua vontade exige de mim. Não! Não voltarei atrás. A minha comunidade são os pobres. A sua segurança é a minha. A sua saúde é a minha. A minha casa é a casa dos pobres. A sua segurança é a minha. A sua saúde é a minha. A minha casa é a casa dos pobres; não apenas dos pobres mas dos mais pobres dos pobres. Daqueles de quem as pessoas já não querem aproximar-se com medo contágio e da porcaria porque estão cobertos de micróbios e vermes. Daqueles que não vão rezar, porque não podem sair nus de casa. Daqueles que já não comem porque não têm força para comer. Daqueles que se deixam cair pelas ruas, conscientes de que vão morrer, e ao lado dos quais os vivos passam sem lhes prestar atenção. Daqueles que já não choram, porque se lhes esgotaram as lágrimas; Dos intocáveis. Há fatos curiosos na vida de Madre Teresa em que podemos ver um sinal da aprovação de Deus à sua obra. Ela mesma conta: "Era a minha primeira volta pelas ruas de Calcutá depois de ter deixado Loreto e ter regressado de Patna. A certa altura aproximou-se mim um sacerdote pedindo-me um donativo para uma colecta que estava a realizar-se a favor da boa imprensa. Tinha saído de casa com cinco rúpias. Já tinha dado quatro aos pobres. Entreguei-lhe a única rúpia que me restava. ao entardecer, o mesmo sacerdote veio ao meu encontro com um envelope. disse-me que lhe tinha sido dado por um senhor desconhecido que ouvira falar dos meus projectos e me queria ajudar. No envelope vinham cinquenta rúpias. Naquele momento tive a sensação de que Deus começava a abençoar a minha obra e que nunca me abandonaria." Em 19 de março de 1949 uma outra benção de Deus foram as vocações que começaram a surgir precisamente entre as suas antigas alunas. A primeira foi Shubashini Das. Era uma linda jovem, dotada de bastante inteligência, filha de uma boa família. Disse-lhe: - Madre Teresa, se me aceitar, estou disposta a ficar consigo e a colocar a minha vida ao serviço dos pobres. - Minha filha, pensa melhor, reza mais e, daqui a a algum tempo, vem ter novamente comigo. Era quase o mesmo conselho que Mons. Périer lhe tinha dado, tempos atrás. a jovem foi, prensou, rezou e no dia 19 de Março de 1949, dia de São José, era aceita na nova Congregação, que começava a surgir, escolhendo como nome para vida religiosa o nome de baptismo da sua antiga professora: Agnes. A esta outras se seguiram. Sem qualquer propaganda. Apenas atraídas pelo testemunho daquelas que se chamariam, mais tarde, Missionárias da Caridade. Madre Teresa conta assim o início da congregação: "Uma a uma, a partir de 1949, vi chegar jovens que tinham sido minhas alunas. Vinham com o desejo de dar tudo a Deus e tinham pressa em fazê-lo. Despojavam-se, com íntima satisfação, dos seus saris luxuosos para revestir-se do nosso humilde sari de algodão. Vinham sabendo que se tratava de algo difícil. Quando uma filha das velhas castas se coloca ao serviço dos párias, trata-se de ma revolução. A maior. A mais difícil de todas: a revolução do amor! Uma vida mais regular começou então para a nossa pequena comunidade. Abrimos escolas enquanto continuávamos a visita aos bairros de lata. As vocações afluíam e a nossa casa tornou-se muito pequena. Ainda em 1949, começa a escrever as constituições das Missionárias da Caridade, nome que dá à sua Congregação. ...
O primeiro trabalho com os doentes e moribundos recolhidos na rua era lavar-lhes o rosto e o corpo. A maior parte não conhecia sequer o sabão e a espuma metia-lhes medo. Se as Irmãs não vissem nestes infelizes o rosto de Cristo, o trabalho tornar-se-lhes-ia impossível. Nós queremos que eles saibam que há pessoas que os amam verdadeiramente. Aqui eles encontram a sua dignidade de homens e morem num silêncio impressionante... Deus ama o silêncio. Os pobres não merecem só que os sirvamos, merecem também a alegria e as Irmãs oferecem-na em abundância. O próprio espírito da nossa congregação é de abandono total, de amor confiante e de alegria... É a nossa regra, para procurarmos "fazer alguma coisa de belo por Deus!" A lista dos bens das Irmãs é pequena: um prato esmaltado e coberto, dois saris baratíssimos, um jogo de roupa interior grosseira, um par de sandálias, um pedaço de sabão guardado numa caixa de cigarros, um travesseiro e um colchão extremamente delgado, acompanhado de um par de lençóis e, para completar tudo, um balde metálico com o respectivo número. Assim, com o colchão enrolado debaixo do braço e as restantes coisas colocadas no balde, a Irmã que viaja leva todos os bens consigo. Ao menor sinal, as Irmãs estão preparadas para partir: "Com um pouco de treino, diz uma delas consigo estar pronta para partir em trinta minutos." A Congregação de Madre Teresa, foi aprovada pela Santa Sé em 7 de outubro de 1950. Em agosto de 1952, abre o lar infantil Sishi Bavan (Casa da Esperança) e inaugura o seu famoso "Lar para Moribundos", em Kalighat, ao qual dedica as suas melhores energias físicas e espirituais. A partir dessa data, a sua Congregação começa a expandir-se de maneira irresistível pela Índia e por todo o mundo. Na Índia, principia por Ranchi e continua depois por Nova Delhi e Bombaim; nesta cidade, será recebida pelo papa Paulo VI em 1964. A obra de Madre Teresa cresceu rapidamente. Não trazia esquemas pré-fabricados. O ritmo e as iniciativas eram marcadas pelo inesperado de cada dia.
No ano de 1952 percorria, como de costume, as ruas prestando ajuda aos mais necessitados. de repente, parou diante de um espectáculo horripilante: uma mulher agonizava no meio de escombros, roída pelos ratos pelas formigas. Madre Teresa aproximou-se e ouviu um queixume em voz muito ténue: E dizer que foi o meu próprio filho que me lançou para aqui! Recolheu-a e levou-a ao hospital mais próximo. Quando viram aquele semi-cadáver responderam a Madre Teresa: - Aqui não há lugar para estes casos! Não podemos aceitar essa mulher! - Pois eu não sairei daqui enquanto vós a não receberdes. A mulher entrou mas morreu pouco depois. De regresso a casa, Madre Teresa pensou na sorte dos moribundos que todos dias morrem pelas ruas de Calcutá sem ninguém lhes prestar assistência. A imprensa tinha abordado este problema precisamente naqueles dias. Madre Teresa aproveitou a oportunidade e disse à autoridades: - Dêem-me um local que eu encarrego-me de tratar dos moribundos. Deram-lhe duas grandes salas de um edifício contíguo ao templo da deusa Kali denominado "Casa do Peregrino" porque servia de dormitório aos peregrinos. ela mudou-lhe o nome. Chamou-lhe "Casa do Moribundo." Os bonzos não levaram a bem esta entrega duma dependência sagrada a uma mulher católica. Consideraram-na uma profanação. Resolveram, por isso, encarregar um de espiar todos os movimentos da religiosa e de, no momento oportuno, desfazer-se dela. Tendo conhecimento deste plano, Madre Teresa apresentou-se ao chefe e disse-lhe: - Se querem matar-me, matem-me agora mesmo, mas não façam mal aos meus pobres moribundos. Ele ficou surpreendido com a atitude valorosa desta mulher que veio confirmar as boas informações já dadas pelo espião: - Observei com todo o cuidado a acção daquela mulher e a minha impressão foi de que, ao olhar para ela, me pareceu ver a própria deusa Kali em acção. Não façais, portanto, mal a essa mulher. Pouco a pouco, os bonzos tornaram-se seus amigos. Para isso contribuiu muito um fato que a própria Madre Teresa conta assim: "Um desses bonzos contraiu a tuberculose. Nenhum hospital o teria recebido. Nós fizemos todo o possível para o curar. Os seus companheiros vinham vê-lo. Ao princípio blasfemava contra Deus levado pelo desespero da sua doença. Da nossa parte não nos poupávamos a esforços para lhe sermos agradáveis e minorar a suas dores. Pouco a pouco, a sua atitude foi mudando. Chegou até a pedir a benção antes da morte que foi muito serena. os seus companheiros não conseguiam explicar o que tinha acontecido. Depois disto, os sacerdotes da deusa Kali nunca deixaram de demonstrar-nos a sua amizade e até de dar-nos a sua colaboração, em muitos Na catedral do Santíssimo Rosário, em abril de 1953, as primeiras Missionárias da Caridade fazem os seu votos religiosos. A ordem é aprovada pela Santa sé a 1º de fevereiro de 1965 e, com a procteção da aprovação pontifícia, estende-se por toda a Índia. Ainda em 1965, funda no dia 26 de Julho a sua primeira casa na América Latina, concretamente na Venezuela, na arquidiocese de Barquisimeto, em 1967, abre outra no próprio coração da cristandade, em Roma, por desejo expresso de Paulo VI; mais adiante, João Paulo II dar-lhe-á de presente uma casa dentro do próprio Vaticano. A partir de 22 de agosto de 1968, a Congregação estende-se por outras regiões: Ceilão, Itália, Austrália, Bangladesh, Ilhas Maurícias, Peru, Canadá, etc. 8 de Dezembro de 1970. As Missionárias da caridade abrem a sua primeira casa em Londres e fixam aí o aspirantado e noviciado para a Europa e América. Em 1973, abre uma casa em Gaza, na Palestina, para atender os refugiados, e e celebra a primeira Assembleia Internacional dos colaboradores das Missionárias da caridade, instituição cujos estatutos tinha sido aprovados em 1969, e que reúne centenas de milhares de pessoas de todo o mundo: 50.000 leigos, aos quais é preciso acrescentar todos os doentes e todos os que sofrem e oferecem a sua dor pelas intenções da Madre Teresa. 15 de junho de 1976 Em 15 de junho de 1976, precisamente em Nova York, que era, no entender dela, o lugar mais necessitado de oração, funda o ramo contemplativo das Missionárias da Caridade. E em dezembro de 1976, inaugura centros de assistência no México e Guatemala. Recebe o Prémio Nobel da Paz em 15 de outubro de 1979. Ainda no mesmo ano, João Paulo II recebe-a em audiência privada e ela converte-se, sem nunca ter estudado diplomacia, na melhor "embaixadora" do Papa em todas as nações, fóruns e assembleias do universo. Skoplje nomeia-a "Cidadã Ilustre". Muitas universidades lhe conferiram o título "Honoris Causa". E ainda em 1980, recebe a Ordem "Distinguished Public Service Award" nos EUA. Em 1981, inaugura em Berlim oriental a primeira das suas fundações em países submetidos ao marxismo. Anos mais tarde, será recebida por Mikhail Gorbachov e abrirá uma casa na Rússia. E o mesmo fará em Cuba. Em 1983, estando em Roma, sofre o primeiro grave ataque do coração. Tinha 73 anos. Foi muito bem atendida e o médico disse-lhe: "A senhora tem coração para mais trinta anos" Tomou isso ao pé da letra e nem febre alta a fazia descansar. Em setembro de 1985, é reeleita Superiora das Missionárias da Caridade pelo Capítulo geral da Congregação. Só outra Irmã, Sor Josepha Michael, viu o seu nome escrito num dos votos: o que fora depositado na urna eleitoral pela Madre Teresa... Os outros 66 foram unânimes. Nesse mesmo ano, recebe do Presidente Reagan, na Casa Branca, a Medalha presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração do país mais poderoso da terra . Participa de Sínodos, como o de 1986, e dos actos do Ano Mariano de 1987 e do Ano Santo da Redenção, bem como das viagens papais. Em agosto de 1987, vai à União Soviética e é condecorada com a Medalha de ouro do Comité soviético da Paz. Pouco depois, visita a China e a Coreia. Em agosto de 1989, realiza um dos seus sonhos: abrir uma casa na sua Albânia natal que, apesar de ser um dos países mais pobres, injustos e atrasados do planeta, até há pouco fazia gala de ser o país mais ateu do mundo, o único em cuja Constituição figurava paradoxalmente o ateísmo como "religião do estado". Em setembro de 1989, sofre o seu segundo ataque do coração e corre sério risco de vida, mas recupera-se e retoma o seu incrível trabalho com mais ardor e vigor do que antes, apesar do marcapasso. Em 1990, pede ao Papa para ser substituída no seu cargo, mas volta ser reeleita por outros seis anos, até 1996, e o Papa torna a confirmá-la - Já o fizera outra vez antes - como Superiora das Missionárias da Caridade. A Madre Teresa nunca perdia uma oportunidade para levar todos aqueles com quem se cruzava, independentemente da sua origem, da sua posição social ou da sua religião, a encontrar-se com Cristo. - "Vamos, primeiro, cumprimentar o dono da casa". Era com essa frase simples que costumava receber a maior parte das personalidades - por exemplo, o então Primeiro-Ministro Nehru -, que vinham conhecer a casa das Missionárias da Caridade, dirigindo-as resolutamente à capela do Santíssimo Sacramento. No dia 05 de setembro de 1997, depois de sofrer uma última parada cardíaca, foi a vez de ela poder encontrar-se, desta vez definitivamente, com o Dono e Senhor da sua alma. Uma fila de quilómetros formou-se durante dias a fio, diante da igreja de São Tomé, em Calcutá, onde o seu corpo estava sendo velado. Ao fim de uma semana, como muitos milhares de pessoas ainda queriam dizer-lhe o último adeus, o corpo da Madre foi transladado ao Estádio Netaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, celebrou a Missa de corpo presente. O mesmo veículo que, em 1948, transportara o corpo do Mahatma Gandhi foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre da Mãe dos pobres.

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(Entrevista com Madre Teresa de Calcutá)
A fundadora das Missionárias da Caridade fala sobre o serviço que a sua congregação presta aos "mais pobres dos pobres". São mais de 4 mil religiosas, em 119 países.
A santidade em carne e osso, que já fez brotar de novo o sorriso, a esperança e a ternura nos olhos de milhões de empobrecidos, sofredores de rua, órfãos, académicos, ex-prisioneiros? 
Santa, sim, mas um tanto ingénua, que se deixa facilmente seduzir por um sorriso, um cumprimento, uma esmola de algum rico empresário ou fazendeiro? 
Madre Teresa de Calcutá é uma figura controvertida. Radicais hinduístas prefeririam tê-la longe, o mais possível, das ruas de Calcutá. Para eles, essa religiosa católica de origem albanesa, rosto enrugado pelos 86 anos de vida, corpo frágil e saúde precária, não passa de alguém interessado, pura e simplesmente, em fazer proselitismo religioso.
Cristãos engajados nos mais diferentes tipos de luta pela transformação social sentem-se pouco à vontade com o testemunho dela. Não criticam nela o amor sem medidas pelos últimos, os marginalizados, os excluídos. Reclamam da falta de uma consciência que saiba enxergar as estruturas injustas que produzem e mantêm a pobreza e a miséria, na Índia e no mundo inteiro.
É cobrar demais. Madre Teresa parece distante dessa discussão. "Não se pode fazer tudo", responde. E diz que reza todo dia pelas pessoas que se ocupam com essas questões maiores. Diz isso, com a mesma simplicidade de quem sorri ao afirmar que fez um trato com Deus: uma alma a menos no Purgatório, para cada fotografia que dela tiram.
Prémios e títulos de reconhecimento não lhe faltam, nem mesmo o Nobel da Paz, que ganhou em 1979. Há dois meses, recebeu do presidente Bill Clinton o título de Cidadã de Honra dos Estados Unidos da América. Uma homenagem só concedida antes a quatro pessoas, dentre elas Winston Churchill, estadista inglês (1874-1965), um dos mais importantes chefes de Estado do século 20.
Instrumentalização, em vista das eleições dos Estados Unidos? Outra vez, parece que seria exigir demais de Madre Teresa que se colocasse o problema. "É cansativo e duro", ela reconhece na entrevista. Diz que utiliza tudo o que se lhe apresenta "para a glória de Deus e o serviço aos mais pobres". Porque "é preciso que alguém pague esse preço".
A congregação que fundou - as Missionárias da Caridade - é um sucesso absoluto. O segredo? As jovens apreciam, sobretudo, a vida de oração: "Rezamos quatro horas por dia". E também "conhecem e vêem o que fazemos pelos pobres". É tão simples...


Sem Fronteiras - Quantas são actualmente as Missionárias da Caridade?

Madre Teresa - Temos 3.604 Irmãs professas e 411 noviças, em seis noviciados: Calcutá, Filipinas, Tanzânia, Polónia, Roma e Estados Unidos. As postulantes são 260. No total, somos 4.275 Missionárias da Caridade, distribuídas em 119 países. As nossas Irmãs pertencem a 79 nacionalidades. Contamos com 560 tabernáculos, ou casas.
Por que "tabernáculos"?
- Porque Jesus está presente nessas casas. São casas de Jesus. 
A nossa congregação quer contribuir para que as pessoas sejam saciadas da sua sede de Jesus. Fazemos isso, tentando resgatar e santificar os mais pobres dos pobres. Como as outras congregações, fazemos os votos de castidade, pobreza e obediência. Recebemos a autorização especial de fazer um quarto voto: o de nos colocarmos a serviço dos mais pobres dos pobres.
Como a senhora vê o tema do celibato?
- O celibato não é para quem se sente chamado ao matrimónio. O sacramento do matrimónio é maravilhoso. Desde o momento em que um homem e uma mulher se amam verdadeiramente e rezam juntos, Deus transmite a eles o seu amor.
A vida familiar merece muita atenção, é um dom de Deus. Não obstante, nós religiosas renunciamos a esse dom. Consagramos a nossa vida a Deus na castidade e no amor, sem divisão. Nada nem ninguém nos poderá separar desse amor, como diz São Paulo.
A senhora costuma dizer que não há amor sem sofrimento...
- Sim, o verdadeiro amor faz sofrer. Cada vida, e cada vida familiar, deve ser vivida honestamente. Isso supõe muitos sacrifícios e muito amor. Porém, ao mesmo tempo, esses sofrimentos vêm sempre acompanhados de muita paz.
Quando a paz reina em um lar, ali se encontram também a alegria, a unidade e o amor. Como se pode levar uma vida familiar normal sem paz e sem unidade? 
Nesse sentido, a oração de São Francisco é muito atual. Não vivemos nas mesmas circunstâncias, mas o que Francisco pedia responde perfeitamente às necessidades da nossa época. Em Calcutá, rezamos essa oração todos os dias, depois da comunhão. Penso em todos os homens e mulheres que necessitam de amor: "Senhor, fazei-nos dignos de ser instrumentos da verdadeira paz, que é a vossa paz".
A sua congregação abriu casas para pessoas com Aids em várias partes do mundo...
- Sim, entre outros lugares, nos Estados Unidos, na Itália, no Zaire e, evidentemente, na Índia. Até pouco tempo atrás, não era raro que pessoas se suicidassem quando ficavam sabendo que tinham o vírus da Aids. Hoje, nenhum enfermo acolhido em nossas casas morre no desespero e na amargura. Todos, inclusive os não-católicos, morrem na paz do Senhor. Isso não é maravilhoso?
As regras da sua congregação falam do trabalho em favor dos "mais pobres dos pobres, tanto no plano espiritual quanto no plano material". O que a senhora entende por "pobreza espiritual"? Alguns dizem que se ocupa apenas com gente que vive na rua...
- Os pobres espirituais são os que ainda não descobriram Jesus Cristo, ou que estão separados dele por causa do pecado. Os que vivem na rua também precisam ser ajudados nesse sentido.
Por outro lado, fico muito contente de ver que, em nosso trabalho, podemos contar também com a ajuda de gente acomodada, a quem oferecemos a oportunidade de fazer algo de bom para Deus. É desse modo que conseguimos abrir um centro onde acolhemos e assistimos a jovens que saem da prisão.
Essa gente nos oferece material e dinheiro. Nesses dias chegou uma carta dos Estados Unidos. Pela letra dava para ver que era de uma criança. Ela me dizia: "Madre Teresa, eu gosto muito de você". O envelope continha um cheque de 3 dólares. Para essa criança, tratava-se de um grande sacrifício.
Vocês também recebem ajuda de gente de outras religiões?
- Sim, de muçulmanos, hinduístas, budistas e outros. Alguns meses atrás, um grupo de budistas japoneses veio conversar comigo sobre espiritualidade. Eu disse a eles que jejuamos todas as primeiras sextas-feiras do mês e que o dinheiro economizado vai para os pobres. Quanto regressaram ao seu país, os monges pediram às famílias e comunidades budistas que fizessem o mesmo. O dinheiro que recolheram nos permitiu construir o primeiro andar do nosso centro "Shanti Dan" ("Dom de Paz") para as "jailgirls" (meninas da prisão).
Cento e dez dessas meninas já saíram da prisão. São jovens, quase sempre adolescentes. Muitas delas são deficientes psíquicas. Saem das favelas e, de repente, se vêem metidas na prostituição. A maior parte, assim que renuncia a esse tipo de vida, é denunciada à polícia pelos proxenetas. Acaba na prisão, onde vive em condições desumanas.
Madre Teresa, alguns a criticam, dizendo que só tem um objectivo: converter os não-cristãos...
- Ninguém pode forçar ou impor a conversão, que só acontece por graça de Deus. A melhor conversão é a que consiste em ajudar as pessoas a se amarem umas às outras. Nós, que somos pecadores, formos criados para ser filhos de Deus, e temos que nos ajudar a chegarmos o mais perto possível dele. Todos somos chamados a amá-lo.
A senhora diz que as suas Irmãs não são assistentes sociais. Por quê?
- Somos contemplativas no coração do mundo, porque "rezamos" o nosso trabalho. Realizamos um trabalho social, certamente, mas somos mulheres consagradas a Deus no mundo de hoje. Entregamos a nossa vida a Jesus, com uma renúncia total e a serviço dos pobres, tal como Jesus nos deu a sua vida na eucaristia. O trabalho que fazemos é importante, mas não é tanto a pessoa que o faz que é importante. Fazemos esse trabalho por Jesus Cristo, porque o amamos. É tão simples.
Não temos condições de fazer tudo. Eu sempre rezo muito por todos aqueles que se preocupam com as necessidades e misérias dos povos.
Muitas personalidades e gente rica se associaram à nossa acção. Pessoalmente, não possuímos nada. Não ganhamos dinheiro. Vivemos da caridade e para a caridade.
E da Providência...
- Isso mesmo. Normalmente, sempre temos que enfrentar necessidades imprevistas. Em nossa casa "Sishu Bevan", temos mais de duzentos bebés que necessitam de um tipo especial de leite. Um dia, as minhas Irmãs vieram me procurar para dizer: "Madre, tem que fazer alguma coisa, porque não vemos nenhuma saída". No mesmo dia, um hindu rico veio me ver e me disse: "Madre Teresa, esta manhã, uma voz me disse que eu tinha que fazer alguma coisa pelos pobres", e me deu o que necessitávamos. Deus é infinitamente bom. Ele sempre se preocupa connosco.
Por que tantas jovens entram para a sua congregação?
- Eu creio que elas apreciam, sobretudo, a nossa vida de oração. Rezamos quatro horas por dia. Elas também conhecem e vêem o que fazemos pelos pobres. Não se trata de trabalhos importantes e impressionantes. O que fazemos é muito discreto, mas nós o fazemos pelos mais pequenos.
A senhora é uma pessoa muito popular. Nunca se cansa de tanta gente, fotografias...?

- Considero isso um sacrifício, e também uma bênção para a sociedade. Eu e Deus fizemos um contrato: para cada foto que tiram de mim, Ele liberta uma alma do Purgatório... (risos)... Eu creio que, nesse ritmo, em breve, o Purgatório estará vazio...
Viajar pelo mundo cercada de tanta publicidade é cansativo e duro. Porém, eu utilizo tudo o que se me apresenta para a glória de Deus e o serviço aos mais pobres. É preciso que alguém pague esse preço.
Que mensagem gostaria ainda de nos deixar?
- Amem-se uns aos outros, como Jesus ama a cada um de vocês. Não tenho nada que acrescentar à mensagem que Jesus nos transmitiu. Para poder amar, é preciso ter um coração puro e é preciso rezar. O fruto da oração é o aprofundamento da fé. O fruto da fé é o amor. E o fruto do amor é o serviço ao próximo. Isso nos conduz à paz. - "UMBRALES"
Fonte: Sem Fronteiras Nº 247 - Dezembro 96 - pág. 05


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Pensamentos...
Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.
Perdoe-as assim mesmo. 
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro.
Seja gentil, assim mesmo. 
Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo. 
Se você é honesto e franco as pessoas podem enganá-lo.
Seja honesto assim mesmo. 
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo. 
Se você tem Paz, é Feliz, as pessoas podem sentir inveja.
Seja Feliz assim mesmo. 
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo. 
Veja você que no final das contas, é entre você e Deus.
Nunca foi entre você e as outras pessoas.
Bibliografia
http://www.geocities.com/Heartland/Forest/5876/biografia.htm
http://www.geocities.com/Heartland/Forest/5876/entrevistacomteresa.htm

Morre madre Teresa de Calcutá
Religiosa católica recebeu o Nobel da Paz em 1979 pelo trabalho em favor dos pobres
Morreu ontem na Índia madre Teresa de Calcutá, 87 anos, a religiosa católica que recebeu o Nobel da Paz por seu trabalho em favor dos pobres. A porta-voz das Missionárias da Caridade, ordem fundada por ela, disse que a morte ocorreu às 9h30 (13h30 do Brasil). Os médicos foram chamados assim que a religiosa se queixou de dor no peito, mas nem tiveram tempo de atendê-la. Na quinta-feira, um porta-voz das Missionárias da Caridade havia anunciado que Madre Teresa não compareceria ao funeral da princesa Diana, hoje, por estar debilitada. A religiosa afastou-se no começo do ano da função de superiora da ordem que fundou, por sentir-se sem forças para exercer o cargo. No ano passado, ela celebrou o aniversário numa cama de hospital, com graves problemas respiratórios. GERAL
ENCONTRO
Madre Teresa de Calcutá e a princesa Diana

in, http://www.an.com.br/1997/retro/06_09_97.htm
http://www.an.com.br/ Jornal A Notícia Santa Catarina Brasil.

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